POESIA DE ALMEIDA GARRETT

 

Ora vamos lá dar um pouco de vida a isto!

Que tal recomeçar com um pouco de Poesia?

 

Almeida Garrett, um dos nomes altos da nossa literatura, É tal como eu um nascido no mês de Fevereiro.

Aqui fica a minha singela homenagem ao poeta, ao romântico, ao escritor.

  

NÃO TE AMO

 

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett in "Folhas Caídas"

 

publicado por Aquariana às 09:20 | link do post | comentar